Hoje, 31 de agosto, é o Dia da Língua Romena.
Há dez anos cheguei na Romênia pela primeira vez, não sabendo mais do que algumas expressões elementares. Um ano mais tarde, ao voltar para o Brasil, já estava “envenenado” e enfeitiçado pela língua de Mihai Eminescu e Mircea Eliade. No decurso dos sete anos seguintes, me fiz tradutor, e o romeno – ao lado do francês – foi objeto constante da mais dileta das minhas atenções. Nesse intervalo de tempo, muitas idas e vindas Curitiba – Bucareste, muito estudo, muita leitura e um envolvimento cada vez maior.
Traduzi documentos ordinários, contratos de jogadores de futebol, atestados de óbito, sentenças judiciais e até tirei um romeno da cadeia... E publiquei também minhas primeiras traduções literárias – poesia de Tudor Arghezi e Octavian Goga –, e também prosa, artigos de revista... Há um ano e meio, moro em Bucareste e – mesmo pensando, falando e existindo em romeno a maior parte do tempo –, continuo me surpreendendo a cada dia com as possibilidades da língua.
Em romeno, você não deixa alguém louco; você o “tira da melancia” (a-l scoate din pepene).
Você não quebra regras, mas sim “pisa na lâmpada” (a călca pe bec).
A pessoa não perde as estribeiras; “salta-lhe a mostarda” (îi sare muștarul).
O indivíduo, na Romênia, não fica perdendo tempo, mas sim “esfregando menta” (a freca menta).
O romeno não mente jamais; ele te “vende rosquinhas” (a vinde gogoși).
Ele não tenta passar a conversa em quem entende do assunto; ele “vende pepino pro jardineiro” (a vinde castraveți grădinarului).
O romeno não engana ninguém; ele “passeia com a gralha pintada” (a umbla cu cioara vopsită).
Na Romênia não se casa; “põe-se a nora no forno” (a aduce noră pe cuptor).
E você leu tudo isso e prendeu a respiração? Não, você “puxou a sua alma” (a-și trage sufletul).